Estrutura para os idosos

Estrutura metodológica, pedagógica e física para os idosos
 

“Ninguém é tão grande que não possa aprender, ninguém é tão pequeno que não possa ensinar” (PINDARO, poeta romano)



Ao longo do tempo sabemos que existe uma evolução tecnológica que apresenta atualizações e modificações com muita rapidez. Pensando sobre isso, grande parte da população acaba sendo excluídas deste meio, como a classe social mais baixa, pessoas com necessidades especiais e os idosos.
Ao diagnosticar o problema, foram feitas ações para que essas pessoas tenham acesso ao computador que se destaca ainda hoje, como a principal tecnologia, que possibilita a interação social e informações sobre o interesse de cada um. Pensando nos idosos, o aprendizado da informática ajuda-os a terem mais facilidade para interagirem com outros meios eletrônicos, estando mais seguros, por exemplo, de utilizarem o caixa eletrônico, os recursos do celular, entre outros. 
As pesquisas levantadas na internet nos mostram que, existe grande dificuldade para os idosos acompanharem esta evolução, bem como, interagirem com este meio. Portanto, é importante elaborar ações que supram essas dificuldades, mesmo porque esse público tende a crescer com a expectativa de vida nos dias de hoje.
A grande dificuldade encontrada pelos professores que atendem a este público é trabalhar com a heterogeneidade da classe, existem alunos com idade entre 60 anos e 100 anos, a realidade e experiência de vida de cada um, bem como, o grau de escolaridade, pois em muitos casos encontramos alunos analfabetos.
Ainda hoje, faltam estudos em relação à metodologia de ensino e aprendizagem específica para o idoso. Neste caso destacaremos algumas que consideramos significativas ao aprendizado dos idosos.
A metodologia deve ser voltada para este público contemplando as necessidades, interesse e experiência de cada um.  As atividades devem ter sentido para os alunos, nas metodologias encontradas na internet, vemos um trabalho com projetos que visam buscar atividades significativas abrangendo o aprendizado com os diferentes programas do computador, entendendo assim, suas funções dentro de um contexto.
Pensando sobre o aprendizado utilizando projetos, Leite (1996, apud Salles, pg. 51, 2007) “faz referência ao trabalho com projetos como uma nova perspectiva para compreender o processo de ensino-aprendizagem. Para ele, aprender deixa de ser um simples ato de memorização, ensinar, repassar conteúdos prontos, só resolver problemas”.
Esta estratégia de ensino possibilita trabalhar com as necessidades, experiências e desejos dos alunos idosos, porque eles sabem o que desejam aprender, e não valorizar seus interesses pode desmotivar e até mesmo desrespeitá-los. De acordo com Freire:

“O respeito a autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros [...].  O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que “ele se ponha em seu lugar” ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites a liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente a experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência.” (1996, pg 66)

Também encontramos metodologia que acompanha o livro didático, a fim de auxiliar o professor e o aluno a acompanharem os conteúdos, porém este material de apoio pedagógico deve ser elaborado visando as necessidades dos alunos. De acordo com Bizelli (2009), ele deve comtemplar uma linguagem esquemática, facilitando o acompanhamento dos comandos indicados sequencialmente pelas setas; imagens ilustrativas, que permite o aluno associar a janela que ele vê, ao acionar um comando, e assim, facilitar o entendimento da sequência de comandos que aparece no texto; letras maiores que o normal, facilitando a leitura e a compreensão das informações; espaçamento maior entre linhas, facilitando a leitura e  muito colorido e negrito, a fim de destacar comandos, observações e dicas, além de tornar o material mais atrativo e prazeroso.



Mesmo com a apostila a pedagogia visa ea autonomia, estimulando nos alunos o interesse de consultarem suas dúvidas sem ajuda do professor. Nesta metodologia os alunos acompanham metodicamente os conteúdos estabelecidos pelo curso, neste caso deve-se tomar cuidado para não tornar o ensino extremamente metódico e preso na apostila, mas sim usando esta como mais um recurso de aprendizagem.
Em outra metodologia também interessante, é o trabalho com idosos multiplicadores, na qual favorece a comunicação e interação entre os pares, e assim, os alunos se sentem mais a vontade para perguntar e esclarecer dúvidas com os companheiros da mesma idade. Tem como objetivo formar idosos habilitados a instruir terceiros, passando os conhecimentos adquiridos a outros idosos, empregando a aprendizagem por pares e incentivando a aprendizagem como forma significativa de exercer um trabalho posteriormente, fazendo com que os idosos sintam-se importantes e atuantes na sociedade.
Outro projeto para ensinar idosos, foi em uma escola pública, onde adolescentes eram responsável por ensinar os idosos, trazendo um importante ambiente de interação e aprendizagem entre ambas as partes.  
Notamos ao decorrer de nossas pesquisas que os idosos apresentam dificuldades em compreender os passos e os conceitos necessários para a realização das atividades, e que é necessário para o aprendizado ser mais eficaz, relações com a experiência de vida e interesse dos alunos.
Para o ensino do idoso, é conhecido o termo andragogia que significa “ a arte de ajudar o adulto a aprender” andra ( em grego) = homem e gogia (em grego) = aprendizagem.
Andragogia apresenta de acordo com a UNESCO (2001, apud Sales, 2007, pg 41):

·        “Perspectiva centrada no aluno;
·        Alunos participam da definição de acordo com suas necessidades e
objetivos individuais;
·        Procura combinar a aprendizagem com os interesses/necessidades
individuais;
·        A aprendizagem é flexível, adaptável às necessidades.
·        Os princípios da andragogia se coadunam com a teoria de Paulo Freire
(1996), que prega uma educação que respeite a realidade do aprendiz, seus
interesses, sua autonomia, diálogo (interação) e o uso de temas extraídos de uma problematização da prática de vida dos educandos.”

Pensando sobre as dificuldades desse público, pelo fato das transformações ocorridas pelo avanço da idade. Percebemos que acontecem alterações sensoriais, de visão e de audição, baixa coordenação motora, redução da capacidade de memória, memória visual diminuída e redução da capacidade de concentração, entre tantas outras.
De acordo com Sales (2007), estas transformações podem dificultar o uso e manuseio do computador. Pelo fato de apresentarem em muitos casos dificuldades como em leitura de textos com fontes pequenas e de cores especificas, dificuldade de utilizar o teclado e/ou mouse, dificuldade auditiva ou de reconhecimento de sinais sonoros, como beeps de aviso e outros.
Portanto, é necessário ações que possibilite acessibilidade ao uso do computador sem que enfrentem tais dificuldades. De acordo com os artigos de Xavier, Raabe & Sales (2002 apud Sales 2007) para facilitar o uso do mouse em momento que devem realizar “um clique” ou “dois cliques” pode-se usar como recurso o comando de voz possibilitando uma maior acessibilidade.
      Concluímos que para incluir os idosos nas novas tecnologias, é importante respeitar suas necessidades e buscar formas de acessibilidade que favoreçam sua interação com estes eletrônicos. É importante também comtemplar na metodologia seus interesses, devendo o professor conhecer seus alunos e buscar formas de aprendizado significativas para seu aprendizado.


Bibliografia:
BIZELLI, M. H. S. S. et al. Informática para a terceira idade: características de um curso bem sucedido. Rev. Ciênc. Ext. v.5, n.2, p.4-14, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 14ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

SALES, Barros Márcia. Modelo multiplicador utilizando a aprendizagem por pares focado no idoso. Florianópolis, 2007. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de pós-graduação em Engenharia e gestão do conhecimento. Disponível em: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2010/06/Marcia-Barros-de-Sales.pdf
Acesso em: 22 nov. 2011, às 12h e 8 min.

SALES, Barros Márcia, et al. Abordagem pedagógica e elaboração de material didático acessível ao idoso.  ATHENA.  Revista Científica de Educação, v. 8, n. 8, jan./jun. 2007.


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